No primeiro, publicado essa semana por Shamena Anwar (Carnegie Mellon University), Randi Hjalmarsson (Universidade de Londres) e Patrick Bayer (Duke University), os pesquisadores analisaram mais de 700 casos levados ao tribunal do júri e descobriram, primeiro, que jurados mais velhos são excluídos pela defesa, enquanto jurados mais novos são excluídos pela acusação. Isso acontece porque acusação e defesa aprenderam, na prática, o segundo resultado encontrado pela pesquisa: a probabilidade de condenação do acusado aumenta de acordo com a idade dos jurados. Para ser preciso, quando a idade média dos jurados está acima dos 50 anos, a probabilidade de condenação é de 79%. Quando a idade média está abaixo dos 50 anos, a probabilidade de condenação cai para 68%. Para ser preciso, para cada ano a mais na média de idade dos jurados, a probabilidade de condenação aumenta um ponto percentual.
Outro ponto interessante é que as mulheres tendem a condenar menos quando ficam mais velhas, enquanto os homens tendem a condenar mais com a idade.
No segundo estudo, publicado em junho passado pelos mesmos pesquisadores, eles descobriram que júris compostos exclusivamente por brancos condenam acusados negros mais frequentemente, e que o número de condenações cai quando há ao menos um jurado negro entre eles.
Segundo os pesquisadores, quando o júri é composto apenas de brancos, a probabilidade de um acusado negro ser condenado é de 81%, e a de um acusado branco ser condenado é de apenas 66%. Mas se há ao menos um negro no júri, a probabilidade de condenação de negros e brancos é praticamente a mesma: do acusado negro cai para 73%, e a do acusado branco sobe para 71%.
No caso da segunda parte do segundo estudo – a probabilidade de condenação quando há ao menos um negro no júri – vale lembrar que há um diferença fundamental entre os modelos do júri americano e brasileiro: lá os jurados debatem e chegam a um acordo unânime sobre a culpa do acusado e as circunstâncias do crime, enquanto no Brasil eles votam secretamente, prevalecendo a vontade da maioria.
Esses estudos são importantes porque a ideia por trás do tribunal do júri é que o acusado deve ser julgado por jurados imparciais. Mas os números mostram que, infelizmente, não somos tão imparciais quanto achamos. Pelo contrário: fatores que não controlamos – como nossa idade, sexo ou raça – afetam como julgamos o próximo.
Se os resultados americanos forem aplicáveis no Brasil, há mais dois fatores para termos em mente: a população brasileira está envelhecendo, o que significa que no futuro poderemos ter um percentual ainda maior de condenação pelo tribunal do júri (as tabelas abaixo dão uma ideia de como o país envelheceu nos últimos 20 anos).